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4 cuidados importantes para lidar com doenças após as enchentes

6 minutos

As enchentes históricas que atingem o estado do Rio Grande do Sul trazem uma série de problemas que afetam não só o patrimônio, mas também a saúde da população. Médicos infectologistas alertam para o surgimento de diversas doenças após as enchentes.

A água contaminada, o contato com esgoto e a proliferação de vetores de doenças criam um cenário propício para o surgimento de enfermidades, tanto físicas quanto mentais. Além das patologias de rápido diagnóstico, é preciso estar atento às doenças em período de incubação e às psicossomáticas.

Neste artigo, você conhecerá quais são elas, os principais sintomas e dicas de como buscar tratamento. Confira!

Por que é importante estar atento à saúde após a enchente?

Embora estejamos passando por um momento de dificuldade no qual existe uma grande preocupação com a recuperação do patrimônio, o cuidado com a saúde não pode ser negligenciado.

A identificação precoce dos sintomas e a busca por atendimento médico são cruciais para evitar complicações e garantir o tratamento adequado. Doenças como a leptospirose e a dengue são altamente perigosas, em casos graves, podem levar a óbito, por isso, você deve conhecer os sintomas e saber quando buscar orientação profissional.

Quais são as principais doenças que podem surgir após as enchentes?

Das doenças que podem surgir após enchentes, as mais comuns são a diarreia, dengue, doenças de pele, leptospirose e hepatite A. A seguir, explicamos as características e sintomas de cada uma delas. Confira!

Diarreia

A diarreia é uma das doenças mais comuns após o contato com água de enchente, e ela surge em razão da contaminação por diversos agentes infecciosos presentes na água, como bactérias, parasitas e vírus. Saiba quais são os sintomas:

  • aumento no número de evacuações;
  • fezes líquidas ou pastosas;
  • cólicas abdominais;
  • urgência para evacuar;
  • febre;
  • náuseas e vômito;
  • perda de apetite;
  • fraqueza;
  • desidratação.

O tratamento dependerá dos sintomas, intensidade e duração. É importante buscar atendimento médico para uma avaliação. Dependendo do agente causador da doença, podem ser prescritos antibióticos, antiparasitários ou outros medicamentos específicos.

Além disso, é recomendado repouso, reidratação e alimentação leve com alimentos de fácil digestão como arroz, frango, maçã, batata e banana. Evite cafeína, lácteos e alimentos gordurosos e condimentados.

Dengue

Embora a dengue não seja causada pela enchente, ela tem uma relação direta com o problema. A doença é transmitida pela picada do mosquito Aedes aegypti infectado com o vírus da dengue.

A água acumulada pelas enchentes pode criar um ambiente propício para a proliferação do mosquito, aumentando o risco de transmissão da doença. Saiba quais são os sintomas:

  • febre alta, entre 39°C a 40°C e de início repentino;
  • dor de cabeça intensa;
  • dor atrás dos olhos;
  • dores articulares e musculares;
  • manchas vermelhas na pele;
  • náuseas e vômitos;
  • cansaço;
  • dor abdominal intensa e contínua (sinal de alerta);
  • sangramento de mucosas (sinal de alerta);
  • hipotensão arterial — pressão baixa (sinal de alerta);
  • hepatomegalia — alterações no fígado.

Não existe uma medicação específica para o tratamento da dengue, no entanto, o paciente deve receber o diagnóstico e tratamento adequados já que se trata de uma patologia que pode agravar, trazendo risco à vida.

O tratamento sintomático e de suporte, alivia sintomas e ajuda a prevenir complicações, incluindo repouso, hidratação abundante, uso de medicações orientadas pelos médicos e monitoramento.

Vale destacar que o paciente não deve se automedicar. No caso de dengue, o uso de substâncias como ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios não esteroidais podem aumentar o risco de sangramentos.

Doenças de pele

 As principais doenças de pele que podem acometer pessoas que tiveram contato com a água da enchente são: micoses, impetigo, erisipela e dermatite de contato. Entenda quais as características e principais sintomas de cada uma delas!

Micoses

As micoses são infecções causadas por fungos que podem apresentar sintomas como coceira intensa, vermelhidão, descamação, bolhas, rachaduras e mau cheiro. Podem afetar pés, virilha, unhas e outras áreas do corpo.

O tratamento depende de gravidade e localização da infecção, o que geralmente envolve o uso de antifúngicos tópicos.

Impetigo

O impetigo é uma infecção bacteriana contagiosa que geralmente acomete crianças. Os sintomas incluem o surgimento de feridas avermelhadas com crostas amareladas, geralmente no rosto, braços e pernas. Em alguns casos, coceira e dor podem estar presentes.

O tratamento varia de caso a caso, é importante lavar as feridas com água e sabão e fazer uso de antibióticos tópicos e/ou orais, sempre seguindo a prescrição do médico.

Erisipela

Outra doença de pele comum é a erisipela, ela é uma infecção bacteriana da pele que geralmente acomete as pernas e contribui para o surgimento de sintomas como vermelhidão, inchaço, dor, calor, febre, bolhas e úlceras.

Caso surjam sintomas que possam indicar a doença busque orientação com um profissional da saúde uma vez que os casos graves podem demandar internação hospitalar.

Dermatite de contato

A dermatite de contato é uma reação alérgica desencadeada pelo contato da pele com substâncias irritantes. Na enchente, você pode ter tido contato com uma série de substâncias desconhecidas e que podem gerar essa alergia.

Os sintomas mais frequentes são vermelhidão, coceira, inchaço, bolhas e descamação. Em geral, a dermatite se cura sozinha e compressas frias ajudam a aliviar os sintomas, mas pode ser necessário usar cremes ou pomadas corticoides e medicação oral, busque suporte médico.

Leptospirose

A leptospirose é uma doença infecciosa grave causada por uma bactéria que está presente na urina de animais infectados, principalmente ratos. Após as enchentes, a urina desses animais se mistura à água, aumentando o risco de contaminação.

A Secretaria da Saúde do RS já confirmou 54 casos e 4 mortes pela doença e a tendência é que esses índices cresçam em decorrência do número elevado de pessoas que tiveram contato com a água contaminada.

É importante ter em mente que a leptospirose passa por um período de incubação que pode variar de 2 até 30 dias. Dessa forma, todos que tiveram contato com a água precisam ficar atentos caso surjam sintomas até trinta dias depois do último contato. Confira quais são os sintomas:

  • febre alta — acima de 38°C;
  • dor de cabeça intensa;
  • dores musculares, principalmente nas panturrilhas;
  • calafrios;
  • olhos vermelhos;
  • náuseas e vômitos;
  • diarreia;
  • pele e olhos amarelados;
  • hemorragias;
  • insuficiência renal;
  • alterações neurológicas;
  • alterações cardíacas.

O tratamento precoce é muito importante, por isso, mesmo que você não tenha sintomas, é interessante consultar um médico. Ele prescreverá medicamentos antibióticos que ajudam a evitar a progressão da doença.

Em casos graves, pode ser necessária internação para tratamento de suporte e monitoramento das complicações.

Hepatite A

A hepatite A é uma doença infecciosa que afeta o fígado e a sua transmissão se dá pela via fecal-oral, ou seja, por meio da ingestão de água ou alimentos contaminados com fezes de pessoas infectadas. Em enchentes, a água contaminada com esgoto aumenta consideravelmente o risco de contrair a doença.

O período de incubação médio pode variar de 15 a 50 dias, por isso é preciso observar o surgimento de sintomas por um longo período. Descubra quais são eles:

  • febre;
  • mal-estar;
  • perda de apetite;
  • náuseas e vômitos;
  • dor abdominal;
  • diarreia;
  • cansaço;
  • amarelado da pele e dos olhos;
  • urina escura;
  • fezes claras.

O tratamento para hepatite A é apenas de suporte, com repouso, hidratação e dieta balanceada. O uso de medicamentos deve ser orientado pelo médico, pois o paciente não pode ingerir substâncias que sobrecarregam o fígado.

Estresse pós-traumático

O estresse pós-traumático é uma condição de saúde mental que pode se desenvolver após a exposição a um evento traumático, como as enchentes. Os sintomas podem incluir ansiedade, pesadelos, flashbacks, irritabilidade e dificuldade de concentração.

Além disso, quadros de depressão e ansiedade são comuns, com persistência de sintomas como: tristeza profunda, perda de interesse, alterações no sono e apetite, pensamentos negativos, preocupação excessiva, medo e até sintomas físicos como taquicardia e falta de ar. Pacientes com esses quadros devem buscar suporte psicológico.

Quais são os 4 cuidados que devem ser adotados para lidar com essas doenças?

Agora que você já tem uma ideia de quais são as principais doenças após enchente, confira alguns cuidados que podem ser colocados em prática para aumentar a sua segurança e bem-estar!

1. Observe o surgimento de sintomas

Se você tiver qualquer sintoma que indique um problema de saúde, busque imediatamente orientação médica. Quanto mais cedo você procurar suporte, mais fácil, rápido e eficiente será o tratamento.

2. Procure atendimento de saúde

Não tem sintomas mas está inseguro com relação a uma possível contaminação? Você também pode buscar atendimento médico. O profissional poderá avaliar suas condições clínicas e orientar quanto ao uso de medicamentos específicos.

3. Siga as recomendações médicas

Depois da consulta com o médico, siga rigorosamente as orientações do profissional, tome os medicamentos prescritos, mantenha o cuidado com a higiene pessoal e siga as orientações de prevenção.

4. Fique atento a sua saúde mental

A sua saúde mental é muito importante neste momento. Por isso, busque apoio de amigos, familiares ou profissionais de saúde mental para lidar com o estresse e o trauma. Evite ficar durante muito tempo acompanhando notícias e vídeos nas redes sociais, pois isso pode prejudicar seu bem-estar.

É normal se sentir abalado após as enchentes, mas não se sinta culpado. O impacto emocional faz parte do processo de recuperação. Cuidar da sua saúde física e mental é fundamental para superar este momento difícil e reconstruir a sua vida.

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